As ordens da arquitetura clássica
- Karyme Kharfan
- 31 de jul. de 2020
- 4 min de leitura

A arquitetura clássica foi criada pelos gregos e romanos, grandes construtores da antiguidade, as cinco ordens clássicas foram durante muito tempo uma parte inseparável da arquitetura. Dentro do referencial bibliográfico pela história, o primeiro relato acerca das ordens foi escrito por Vitrúvio. “As ordens vieram propiciar uma gama de expressões arquitetônicas, variando da rudeza e da firmeza até a esbelteza e a delicadeza. No verdadeiro projeto clássico, a seleção da ordem é uma questão vital é a escolha do tom”, que para o autor, sintetiza a “gramática da arquitetura”.
Segundo John Summerson, “Um edifício clássico é aquele cujos elementos decorativos derivam direta ou indiretamente do vocabulário arquitetônico do mundo antigo o mundo ‘clássico’". Esses elementos são facilmente reconhecíveis, como, por exemplo, os cinco tipos padronizados de colunas que são empregados de modo padronizado, os tratamentos padronizados de aberturas e frontões, ou, ainda, as séries padronizadas de ornamentos que são empregadas nos edifícios clássicos.
Estes cinco tipos padronizados de colunas possuem duas divisões, sendo elas dórica, jônica e coríntia de caráter grego e ainda, as ordens toscana e compósita, de caráter romano. O que diferencia cada nomenclatura são as evidencias na composição ou ornamento dos capitéis (extremidade superior da coluna)
Essas extremidades superiores são responsáveis por transferir os esforços do entablamento ao fuste e descarregá-los sobre a base.
Junto ao capitel, existem outros elementos que constituem as ordens clássicas - cornija, friso, frontão, epistilo, fuste, pódio e estilobata.
A seguir, um breve referencial sobre os capitéis da arquitetura clássica.

Ordem dórica
Com linhas rudimentares e estética ligada à proporção do corpo masculino e seu arquétipo robusto, surgiu durante o século VII a.c. a ordem dórica e foi empregada em edifícios gregos em homenagem a divindades masculinas.
Nas palavras de Vitrúvio, o dórico exemplifica “proporção, força e graça do corpo masculino”, denotando equilíbrio, e para ele, deve ser usada em “igrejas dedicadas aos santos mais extrovertidos (S. Paulo, S. Pedro ou S. Jorge)”.
Na arquitetura grega, o desenho dos capitéis também são dispostos em função da distribuição de cargas à coluna, por desenho simplificado, a ordem dórica contempla edifícios mais baixos, com aproximadamente 8 módulos de altura. Nesse modelo, o capitel é composto por duas partes, o équino e ábaco. O primeiro diz respeito à espécie de uma almofada e o segundo a um elemento quadrado que recebe diretamente as cargas do frontão.

Ordem jônica
Com linhas orgânicas, leves e fluídas, tem como referência às linhas do corpo feminino, caracterizando a “esbelteza feminina”, como pontua Vitrúvio. Na composição do capitel, influências orientais são vistas, como entalhes de folhas de palmeira, papiros e folhas vegetais, possivelmente inspirados pela arquitetura egípcia. As colunas têm cerca de nove módulos de altura (um módulo maior que a Ordem dórica).
Para Vitrúvio, deve ser empregada em templos dedicados a “santos tranquilos (nem muito fortes nem muito suaves) e também para homens de saber”. Na composição, apresenta uma base mais larga, possibilitando receber maior carga. Vale destacar que em algumas obras, capitéis dessa ordem são substituídos por cariátides: figuras femininas esculpidas na pedra, sustentando todo o entablamento.

Ordem Coríntia
A ordem clássica coríntia é considerada como uma evolução da ordem jônica. E também é considerada a mais rica e bela das cinco ordens clássicas.
(Literalmente uma obra de arte sem precedentes)
Seu surgimento se deu na cidade grega de Corinto pelo poeta, arquiteto e bibliotecário Calímaco.
As colunas coríntias possuem a altura de dez vezes seu diâmetro. Além disso, é considerada a mais esguia das colunas, entre as três ordens clássicas gregas. O seu capitel é adornado por duas fileiras de folhas de acanto, com grandes dimensões de semicilíndricas.
De acordo com Vitrúvio, esta ordem tem como função imitar a doçura e a beleza de jovens donzelas. “Por seu turno, o terceiro, que é chamado coríntio, procura reproduzir a delicadeza virginal, pois as donzelas, em razão da tenra idade, formadas por membros mais graciosos, produzem com seus adereços efeitos mais agradáveis”.

Um exemplo bastante conhecido de construção em ordem coríntia é o Templo de Zeus Olímpico em Atenas. Anexado na imagem ao lado.

Ordem toscana
É a primeira das ordens clássicas desenvolvida em Roma. De forma geral, é basicamente uma simplificação da ordem dórica. Criada na Toscana, de onde deriva seu nome, a coluna tem sete diâmetros de altura e seu capitel, base e entablamento poucos moldes. A simplicidade da deste tipo de coluna a torna elegível em lugares onde o ornamento seria supérfluo. Para Vitrúvio, é “adequada para fortificações e prisões”.
Henry Wotton, em seu livro “Elements of Architecture”, descreve-o como “um pilar plano, sólido e rural, que se assemelha a um trabalhador robusto e de corpo bem trabalhado, vestido de maneira caseira”.

Ordem compósita
Foi desenvolvida pelos romanos a partir da mistura das ordens clássicas jônica e coríntia. Até o Renascimento era simplesmente considerada uma versão tardia do coríntio. Porém, trata-se de um estilo que insere ao mesmo tempo no capitel as volutas do jônico e as folhas de acanto do coríntio. A coluna possui dez módulos de altura.
O pilar compósito é normalmente encontrado em edifícios onde a força, a elegância e a beleza são mostradas.
Embora elas não sejam diretamente mais usadas, a importância das ordens reside na ideia de serem criadas como um elemento unitário que resume a proporção e a escala, como deveriam ser todos os elementos de uma boa arquitetura.
Referências Bibliográficas
SUMMERSON, John. A Linguagem Clássica da Arquitetura. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2006.
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